Leci Brandão: “O povo quer a volta de Lula”

Artista se posicionou a uma multidão no 1º de Maio da Resistência em São Paulo

Escrito por: Redação CUT/SP • Publicado em: 02/05/2018 - 18:44 Escrito por: Redação CUT/SP Publicado em: 02/05/2018 - 18:44

Dino Santos

Mulher negra que quebrou as barreiras entre a arte e a política. Nascida no subúrbio carioca. Filha de dona Lecy e seu Francisco. Sambista, compositora, artista de fé, devota de Iansã e Ogum. Foi com estas e outras bagagens que Leci Brandão, aos 43 anos de carreira, subiu ao palco do 1º de Maio, na Praça da República, para cantar suas músicas e posicionar suas ideias a um público de 10 mil pessoas.

No palco, ela se solidarizou às 400 vítimas do incêndio ocorrido na madrugada desta terça-feira, no Largo do Paissandu, no centro de São Paulo. “Uma mulher chegou em mim e disse: ‘eu vi a minha vida se desmoronar hoje’. Isso é muito, muito triste. Sabemos que todos os projetos que Lula construiu neste país, eles (golpistas) tentaram derrubar e o país está desse jeito aí que vemos. Daí, ele (Michel Temer) veio para cá (São Paulo) hoje tentar se oportunizar e foi enxotado pelo povo que estava na rua”, disse.

Nos bastidores, ao falar sobre o momento político brasileiro para a reportagem da CUT São Paulo, Leci defendeu a liberdade do ex-presidente Lula e o direito dele ser candidato à Presidência em 2018.

“Esses fascistas e golpistas têm medo porque eles sabem que se Lula for candidato à Presidência, ele ganhará. O povo quer a volta dele”, afirmou.

Além de defender a liberdade do ex-presidente, Leci também lembrou que é preciso garantir eleições direitas no Brasil. “Temos que fiscalizar as manobras feitas por eles (golpistas e apoiadores). E continuar mobilizados para que eles saibam que tem gente atenta e disposta a enfrentar tudo isso que eles estão querendo articular para empobrecer o Brasil cada vez mais, não respeitando a cidadania e a liberdade da sociedade civil”, defende.

Aos 73 anos, a cantora, hoje também deputada estadual pelo PCdoB no  estado de São Paulo, tendo sido eleita com mais de 85 mil votos, em 2010, e reeleita em 2014, reforçou a importância da unidade para a construção deste 1º de Maio.

“A gente não pode brigar individualmente, olhando pra sigla partidária. Quem está pensando em fazer com que a cidadania e a liberdade sejam retomadas precisa se juntar. E é por isso que este 1º de Maio é um dos melhores que já fizemos”, afirma.

 

Monte de mentiras

Para Leci, a imprensa comercial não tem nada de inocente ao noticiar o que acontece no Brasil. “A mídia tem dono e sabemos que as famílias poderosas manipulam o país, elas fazem o que querem e da forma como querem. A começar pela questão do jornalismo que tem cor, que tem cara. A gente sabe exatamente quem é que está mandando notícia pra gente”, avalia.

Foi assim, diz, que parte da grande mídia comercial traduziu ‘sua verdade’ ao povo durante a derrubada da presidenta eleita, Dilma Rousseff.

“Os golpistas diziam no início que o ‘impeachment’ da presidenta Dilma era para melhorar o país, que tudo iria ficar organizado, que as pessoas não iriam mais enfrentar crise econômica. Contaram um monte de mentiras”, disse.

 

O povo sabe

 

Mesmo com distorções promovidas pela imprensa comercial, as pessoas sentem as mudanças que ocorreram no país, segundo Leci, nos governos do ex-presidente Lula, preso político desde o dia 7 de abril.

“Lula foi o melhor presidente da República que o Brasil teve. Foi o cara que se dedicou, mostrou projetos para defender os menos favorecidos, defender os pobres, dando condições para pessoas que nunca tiveram nada tivessem alguma coisa. Isso incomodou muito essa elite branca do país. Incomodou mesmo.”

Como lutadora contrária ao racismo e à violência, Leci avalia que a inclusão de negros e de negras nas universidades foi um dos principais avanços do governo Lula. Depois, aponta, foi a criação da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), em 2003, que tinha entre os seus objetivos promover a igualdade racial.

“Ele também conseguiu fazer um projeto de moradia para quem nunca teve nada, que foi o ‘Minha Casa, Minha Vida’. Lançou o programa Luz para Todos para fornecer energia elétrica para quem não tinha acesso. Ele conseguiu ampliar o acesso à educação, colocou os filhos dos pobres nas universidades. Todos os projetos que ele fez foram voltados para aqueles que nunca tiveram nada. Os outros presidentes nunca pensaram ou se preocuparam com isso. Ou seja, eles pensavam que quanto pior a situação do povo, melhor para eles poderem manobrar”, concluiu.

Hoje, apesar da falta de esperança que se abate sobre parte do Brasil, seja pela crise política e econômica, pela injustiça cometida contra Lula ou pela a impunidade nos casos de violência, como o assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Pedro Gomes, ela reforça que é preciso resistir. “Seguiremos nos organizando para enfrentar essa gente golpista, reacionária e fascista. Essa gente que não gosta do povo”, conclui.

 

Um pouco sobre ela

 

Antes de iniciar sua vida artística,  Leci Brandão foi telefonista e operária. Em um de seus empregos dentro de uma universidade, chegou a conhecer a professora, intelectual e política Lélia Gonzalez, importante referência na luta do movimento negro.

Em sua trajetória, Leci ingressou na história do samba como a primeira mulher a entrar na ala de compositores da Estação Primeira de Mangueira, ocupando espaço dentro de um universo machista da sociedade carioca.

Como artista, desde que começou a sua carreira, fez da sua arte um instrumento de luta. “Eu paguei o preço por cantar músicas de protesto. Fiquei cinco anos sem gravar neste país. Tudo já aconteceu comigo em termos de castigo. Fui retomar em 1985. De lá pra cá tenho permanecido com minha conduta de luta. Sou uma cidadã brasileira e que sempre lutou pelos menos favorecidos”, conclui Leci.

 

Título: Leci Brandão: “O povo quer a volta de Lula”, Conteúdo: Mulher negra que quebrou as barreiras entre a arte e a política. Nascida no subúrbio carioca. Filha de dona Lecy e seu Francisco. Sambista, compositora, artista de fé, devota de Iansã e Ogum. Foi com estas e outras bagagens que Leci Brandão, aos 43 anos de carreira, subiu ao palco do 1º de Maio, na Praça da República, para cantar suas músicas e posicionar suas ideias a um público de 10 mil pessoas. No palco, ela se solidarizou às 400 vítimas do incêndio ocorrido na madrugada desta terça-feira, no Largo do Paissandu, no centro de São Paulo. “Uma mulher chegou em mim e disse: ‘eu vi a minha vida se desmoronar hoje’. Isso é muito, muito triste. Sabemos que todos os projetos que Lula construiu neste país, eles (golpistas) tentaram derrubar e o país está desse jeito aí que vemos. Daí, ele (Michel Temer) veio para cá (São Paulo) hoje tentar se oportunizar e foi enxotado pelo povo que estava na rua”, disse. Nos bastidores, ao falar sobre o momento político brasileiro para a reportagem da CUT São Paulo, Leci defendeu a liberdade do ex-presidente Lula e o direito dele ser candidato à Presidência em 2018. “Esses fascistas e golpistas têm medo porque eles sabem que se Lula for candidato à Presidência, ele ganhará. O povo quer a volta dele”, afirmou. Além de defender a liberdade do ex-presidente, Leci também lembrou que é preciso garantir eleições direitas no Brasil. “Temos que fiscalizar as manobras feitas por eles (golpistas e apoiadores). E continuar mobilizados para que eles saibam que tem gente atenta e disposta a enfrentar tudo isso que eles estão querendo articular para empobrecer o Brasil cada vez mais, não respeitando a cidadania e a liberdade da sociedade civil”, defende. Aos 73 anos, a cantora, hoje também deputada estadual pelo PCdoB no  estado de São Paulo, tendo sido eleita com mais de 85 mil votos, em 2010, e reeleita em 2014, reforçou a importância da unidade para a construção deste 1º de Maio. “A gente não pode brigar individualmente, olhando pra sigla partidária. Quem está pensando em fazer com que a cidadania e a liberdade sejam retomadas precisa se juntar. E é por isso que este 1º de Maio é um dos melhores que já fizemos”, afirma.   Monte de mentiras Para Leci, a imprensa comercial não tem nada de inocente ao noticiar o que acontece no Brasil. “A mídia tem dono e sabemos que as famílias poderosas manipulam o país, elas fazem o que querem e da forma como querem. A começar pela questão do jornalismo que tem cor, que tem cara. A gente sabe exatamente quem é que está mandando notícia pra gente”, avalia. Foi assim, diz, que parte da grande mídia comercial traduziu ‘sua verdade’ ao povo durante a derrubada da presidenta eleita, Dilma Rousseff. “Os golpistas diziam no início que o ‘impeachment’ da presidenta Dilma era para melhorar o país, que tudo iria ficar organizado, que as pessoas não iriam mais enfrentar crise econômica. Contaram um monte de mentiras”, disse.   O povo sabe   Mesmo com distorções promovidas pela imprensa comercial, as pessoas sentem as mudanças que ocorreram no país, segundo Leci, nos governos do ex-presidente Lula, preso político desde o dia 7 de abril. “Lula foi o melhor presidente da República que o Brasil teve. Foi o cara que se dedicou, mostrou projetos para defender os menos favorecidos, defender os pobres, dando condições para pessoas que nunca tiveram nada tivessem alguma coisa. Isso incomodou muito essa elite branca do país. Incomodou mesmo.” Como lutadora contrária ao racismo e à violência, Leci avalia que a inclusão de negros e de negras nas universidades foi um dos principais avanços do governo Lula. Depois, aponta, foi a criação da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), em 2003, que tinha entre os seus objetivos promover a igualdade racial. “Ele também conseguiu fazer um projeto de moradia para quem nunca teve nada, que foi o ‘Minha Casa, Minha Vida’. Lançou o programa Luz para Todos para fornecer energia elétrica para quem não tinha acesso. Ele conseguiu ampliar o acesso à educação, colocou os filhos dos pobres nas universidades. Todos os projetos que ele fez foram voltados para aqueles que nunca tiveram nada. Os outros presidentes nunca pensaram ou se preocuparam com isso. Ou seja, eles pensavam que quanto pior a situação do povo, melhor para eles poderem manobrar”, concluiu. Hoje, apesar da falta de esperança que se abate sobre parte do Brasil, seja pela crise política e econômica, pela injustiça cometida contra Lula ou pela a impunidade nos casos de violência, como o assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Pedro Gomes, ela reforça que é preciso resistir. “Seguiremos nos organizando para enfrentar essa gente golpista, reacionária e fascista. Essa gente que não gosta do povo”, conclui.   Um pouco sobre ela   Antes de iniciar sua vida artística,  Leci Brandão foi telefonista e operária. Em um de seus empregos dentro de uma universidade, chegou a conhecer a professora, intelectual e política Lélia Gonzalez, importante referência na luta do movimento negro. Em sua trajetória, Leci ingressou na história do samba como a primeira mulher a entrar na ala de compositores da Estação Primeira de Mangueira, ocupando espaço dentro de um universo machista da sociedade carioca. Como artista, desde que começou a sua carreira, fez da sua arte um instrumento de luta. “Eu paguei o preço por cantar músicas de protesto. Fiquei cinco anos sem gravar neste país. Tudo já aconteceu comigo em termos de castigo. Fui retomar em 1985. De lá pra cá tenho permanecido com minha conduta de luta. Sou uma cidadã brasileira e que sempre lutou pelos menos favorecidos”, conclui Leci.  



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